quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Verdade

A porta da verdade estava aberta,mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
 Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil
e os meios perfis não coincidiam.
 Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
 Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE

Os Dez Princípios do "Mão na Massa"

PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABUNA          
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
UESC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS/COLEGIADO DE QUÍMICA/DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO-DCIE
 2011.


PROGRAMA ABC NA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA – MÃO NA MASSA - (USP/CDCC)
Os Dez Princípios
O desenvolvimento pedagógico
1- Os alunos, em um grupo de trabalho, são orientados (pelo professor) a pensar a respeito de uma situação problema, relacionada a um assunto “emergido” anteriormente de uma discussão da turma (contextualização, sensibilização..)
2- Depois eles elaboram um plano (planejamento) de como resolver a situação proposta, levantando hipóteses, considerando nesse planejamento atividades que possam ser testadas, experimentadas. Os experimentos propostos são elaborados e as hipóteses são observadas, confirmadas ou refutadas, o que remete a reelaboração ou readaptação do projeto.
3. Durante a elaboração das hipóteses, das propostas de investigação, e de suas investigações as crianças argumentam, raciocinam e discutem suas idéias e resultados, ouvem a explicação do outro, organizam suas idéias e as idéias do grupo, constroem seu conhecimento - uma atividade puramente manual não é suficiente.
4. As atividades propostas aos alunos pelo professor são organizadas em seqüências de acordo com a progressão de sua aprendizagem. Realçam pontos do programa e deixam boa parte à autonomia dos alunos.
5. Um mesmo tema é desenvolvido durante ao menos duas horas semanais ao longo de várias semanas. Durante a escolaridade assegura-se uma continuidade de atividades e métodos pedagógicos.
6. Cada criança terá um caderno próprio (ou folhas diferenciadas) com suas experiências e anotações próprias, de cada momento do trabalho, das considerações pessoais, do seu grupo de trabalho e da sala toda (construção coletiva).
7. O objetivo maior é uma apropriação progressiva de conceitos científicos e de aptidões pelos alunos, além da consolidação da expressão escrita e oral.
A Parceria
8. Solicita-se às famílias e aos moradores do bairro a cooperação com o trabalho escolar.
9. Os parceiros científicos nas universidades acompanham o trabalho escolar e colocam sua competência à disposição. Os educadores colocam sua experiência pedagógica e didática à disposição do professor.
10. O professor encontra na Internet módulos a executar, idéias para atividades e respostas às suas perguntas. Ele pode também participar em trabalhos cooperativos, dialogando com colegas, formadores e cientistas. Este princípio no Brasil está em implementação por cada pólo de desenvolvimento do projeto.
Formação de Professores em Serviço
A Formação de Professores em Serviço na Estação Ciência desenvolveu-se ao longo dos anos, desde sua implementação, em congruência ao grupo de professores e as parcerias estabelecidas com as redes municipais e estaduais do município. Diferentes modelos de formação, atualmente, são desenvolvidos junto as rede municipal e estadual, entretanto prioriza-se nos encontros de formação proporcionar ao professor a vivência de uma aula de ciências considerando a proposta apresentada pelo projeto mão na massa, na qual são incentivadas a autonomia do aluno, a atividade experimental e discussões sobre o ensino de Ciências e do papel do professor e do aluno no processo.
Algumas vezes são oferecidas palestras por professores da USP e visitas à própria Estação Ciência ou a outros centros ou institutos. Estas atividades têm a finalidade de auxiliar a construção do conhecimento científico dos professores e, com isso, fazer com que se sintam seguros em “inovar” suas aulas de ciências, já que o Projeto Mão na Massa, de certa forma, propõe uma mudança na maneira como o professor atua em sala de aula, sempre oportunizando momentos em que o aluno possa pensar, discutir.
A equipe de formadores da Estação Ciência estrutura a formação em um tema do conhecimento e, sobre ele, articula uma seqüência de atividades, que são oferecidas nos encontros de formação e no material escrito.
Para que a atuação junto a formação dos professores resulte no exercício de uma reflexão sobre a prática na sala de aula a equipe da Estação Ciência, desde a implementação do projeto, desenvolve periodicamente visitas de acompanhamento nas escolas.
Durante estas visitas é discutida a socialização da formação no horário coletivo dos professores, além da aplicação do projeto em sala de aula.
Chega-se, assim, mais próximo à realidade das escolas, no intuito de auxiliá-las na utilização da metodologia proposta pelo projeto Mão na Massa que, dentre diversos trabalhos, destaca a discussão de um tema, utilizando uma atividade experimental e o desenvolvimento das expressões oral e escrita.
As Aulas do Projeto
Este projeto veio enriquecer o trabalho em sala de aula, uma vez que a estratégia utilizada dá a oportunidade aos alunos de pensar, expor e explicar suas idéias, ouvir as idéias do outro, argumentar, planejar estratégias, criar, experimentar ou simplesmente observar, o que aguça a curiosidade e desperta o interesse nas crianças.Quanto ao conteúdo, não tem novidade, pois são conteúdos de ciências conhecidos e trabalhados em sala de aula. O que faz a diferença é a forma com que é trabalhado. O assunto em pauta é bem explorado, criando situações investigativas, discussões no grupo e entre grupos. As hipóteses levantadas são registradas para possíveis comprovações através dos experimentos propostos e realizados pelos alunos. As conclusões finais não deixam dúvidas quanto a satisfação dos alunos em relatar e registrar o que aprenderam com as observações e discussões das atividades realizadas. Isto é visível, como já nos relatou uma professora, através da segurança com a qual o aluno expõe o seu trabalho demonstrando a apropriação das noções dos conhecimentos científicos envolvidos na atividade, isso acaba sendo perceptível, uma vez que, durante o processo do trabalho de investigação ele vivenciou o processo da elaboração das idéias e conclusões individuais e coletivas.Uma das preocupações do projeto Mão na Massa é criar o respeito ao processo individual de aprendizagem e procurar desenvolver a capacidade de criação de acordos coletivos. As aulas são divididas em alguns momentos:
1. Início - Uma problematização inicial apresenta o assunto às crianças.
2. Levantamento de hipóteses - A partir de um problema, as crianças fazem suposições na busca da solução. Em seguida, planejam atividades experimentais que são apresentadas aos outros grupos que discutem e questionam as hipóteses e os procedimentos na intenção de socializar, ouvir outras idéias pensar explicar. Em seguida o experimento é realizado, procurando testar as hipóteses apresentadas.
3. Discussão coletiva - Em uma conversa conjunta, ampliam-se as observações e considerações dos grupos a partir da qual são elaborados os acordos coletivos a respeito das idéias e conclusões.
4. Registro das conclusões - O registro das propostas, observações e conclusões é feito de duas formas: a primeira é em papel amarelo (quando se optou pelo uso de folhas diferenciadas, pois isto também pode ser organizado no caderno de experimento) e durante toda a aula de maneira livre (é o registro pessoal, individual). A segunda é em uma folha branca contemplando a discussão realizada no acordo coletivo. Esse registro pode ser individual e em alguns momentos em grupo (grupo de trabalho dos alunos) ou também pelo grupo sala, onde o professor pode ser o escriba da turma. Entretanto, ressalta-se aqui a importância do aluno escrever para organizar seu pensamento, assim é bom que o professor não faça sempre a opção pelo registro coletivo.
Papel do Professor e do aluno
O professor no projeto Mão na Massa tem o papel de orientador de alguém que incentiva seus alunos a: pensar; a expor suas idéias; a explicar o que vê, o que pensa, o que entende; que promove discussão entre os alunos, conduzindo a atividade de maneira a oportunizar a todos a possibilidade de falar sobre o que e pensa, a disciplina de ouvir o que o outro pensa, de argumentar sobre suas hipóteses e idéias, de orientar a discussão para que o foco não se perca; a expressar-se por escrito e oralmente; a propor resolução para os problemas a desenvolver essas propostas, a experimentar; a refletir sobre o que faz e elaborar suas conclusões. O professor incentiva o aluno a perguntar e não usa como primeira estratégia de ensino responder as questões, ele “devolve” as perguntas aos alunos para que eles as respondam, passando a orientá-los nesse sentido.
Ao professor podemos dizer que cabe um papel de orientador, incentivador e ao aluno o papel de “investigador novo”.
Em 14 DE MARÇO DE 2011
Prof. Sandra Cristina Souza Reis Abreu (Coord. SEC)
oca042003@yahoo.com.br
Prof. Taciana Tereza Gama Machado Silva
Equipe Técnico-Pedagógica - SEC
Andreza Almeida Dias
Estagiária - SEC